quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Merry christmas à brasileira

Ela garante a melhor energia do Brasil, e o maior dos meus pesadelos de natal.

O papai Noel acaba de chegar ao prédio da Cemig ao som de “We wish you a merry christmas”, confirmando o nacionalismo exarcebado da estatal mineira. Para mim, que moro a menos de 30m de distância do imponente prédio que pode ser visto de quase toda a região central de Belo Horizonte, a chegada do Papai Noel na Cemig e a conseqüente ativação da iluminação do prédio e das árvores da Av. Barbacena confirmam a chegada de mais um Natal.

No ano anterior, e disso me lembro bem, o tema natalino da empresa era o aquecimento global. Ursos polares, de meia em meia hora, se encaminhavam até o papai Noel com um único pedido: que ele os salvasse do aquecimento que tem destruído seus lares no pólo norte. Para os animaizinhos terem descido até os trópicos em pleno verão para fazer este pedido, é porque a coisa devia estar realmente feia por lá, não? (Isso porque, como reza a lenda, o papai Noel habita aquelas regiões nos outros 364 dias do ano, ou melhor, 363, porque em outro ele está na Cemig)

Mas chega de espoliar as causas nobres da melhor energia do Brasil. Sentado em frente ao computador, aguardo ansioso para descobrir o tema com o qual a Cemig irá brindar a mim e aos meus companheiros de casa, Júlia e Walmir, no natal deste ano. No momento, o coral mirim de algum lugar do interior de Minas Gerais se apresenta, embora eu só esteja escutando o som desafinado de uma tuba (coisa de quem se recusou, por preguiça, a atravessar a rua e assistir ao espetáculo).

Os aplausos já se fazem audíveis. Em breve o mestre de cerimônias anunciará: “...”. Mas não, o show tem que continuar e a banda – ou coral mirim, já não sei mais – prossegue sua apresentação com uma das músicas temas do nosso natal: “Ainda ontem chorei de saudade”. Enfim o mestre de cerimônias se pronuncia para anunciar a apresentação de um grupo de dança, que infelizmente está fora de meu alcance visual narrar para os leitores. (Posso apenas informar que houve problemas de som e que a música interpretada pelas bailarinas foi outro clássico do natal brasileiro: “Garganta” de Ana Carolina).

Não resisto e corro até a janela do meu quarto para ver se o prédio já está iluminado e qual é a minha decepção quando percebo que ainda não. De fato seria incoerente a empresa acender suas luzes às 18:30 em pleno horário de verão, cujo objetivo é justamente manter as luzes da cidade apagadas até esta altura do dia. Logo me conformo. Prossigo escutando as performances musicais que agora alternam entre uma legítima canção flamenca e um autêntico hip e hop, o que confirma as disposições multiculturalistas da estatal.

No entanto, a inércia com que a programação do evento é cumprida acaba me desmotivando de continuar com a cobertura. Chegaria na redação do jornal e simplesmente diria que “não dava matéria”. As palmas agora são esparsas e o som distante de uma flauta relembra que tudo aquilo ainda se trata de uma comemoração natalina. Ansioso por saber o tema que irá suportar este ano, porém vencido pelo cansaço, o autor do texto se despede.

* * *

Às 19:43 minutos, a voz animada do mestre de cerimônias convocou a platéia a iniciar a contagem regressiva e a mim para retornar ao computador. Em dez segundos, as luzes de natal contagiaram a agitada Av. Barbacena ao som de “Aleluia” – quanta espirituosidade! Até o fechamento deste post, não foi possível perceber se os ursos polares voltaram esse ano.

Um comentário:

Marcela Pieri disse...

EU NÃO ACREDITO que eu passei o natal passado sem conferir essa explêndida idéia da cemig! hahahaha!

e eu acho que prefiro ouvir um zibilhão de vezes aqueles cds com canções natalinas tocadas por harpa solo que os shoppings insistem em colocar, a inovar no natal com ana carolina.