terça-feira, 13 de janeiro de 2009

RAPIDINHAS

Remoendo a não correspondência e a viagem a São Sebastião, descubri que o poeta não é de ferro, mas sim de cobre.

Não estranhe. Na tentativa de dinamizar um pouco as postagens de início de ano resolvi criar a seção rapidinhas - que não será nada fixa, aliás. A decisão foi tomada após uma longa conversa com os marqueteiros que assessoram esse blog e que me aconselharam a escrever de menos ainda que pense demais. (A decisão foi agravada após o índice zero de comentários do último post). Segundo eles [os marqueteiros], logo pesariam sobre mim acusações de comunista e anti-americano e que não pegariam nada bem para o meu futuro profissional. Aterrorizado, resolví ceder. Mas como meus escassos leitores - mais por seleção do que por desmérito meu - perceberão, a pirâmide continua não invertida.

* * *

Perdoem-me, mas os conduzirei novamente à minha breve passagem por São Sebastião há pouco mais de um mês. Ainda redundante - quanto ao tema e não quanto ao conteúdo - revelarei o que aconteceu após eu ter deixado a redação de piauí, na chuvosa manhã do dia 16 de dezembro de 2008. Visitei um conterrâneo, para atualizá-lo com a publicação. Ainda que lhe faltasse metade dos óculos, ele leu com moderado interesse. Antes que um turista gordo e seu pai se sentassem ao seu lado para encenarem o habitual papinho cabeça para a lente da câmera fotográfica, ele me pediu o exemplar. Cedi, não por pouco estimar a revista, mas por saber que outra idêntica me esperava em casa. Mas a sorte não brindou meu amigo, que foi vítima de mais um arrastão na orla de Copacabana e que não lhe poupou o presente. O pior foi que teve de assitir estático e de mãos e pernas cruzadas a essa perturbação da ordem. Por incompetência da polícia florestal e de alguns criadores (leia-se caçadores) de animais, os culpados não foram presos e ainda por cima foram vistos gorjeando tranquilamente no calçadão momentos depois do crime.
Óbvio que nada passou despercebido às minhas lentes atentas. Analisando as fotos posteriormente, percebí que já éramos observados por um dos criminosos (que aparece ao fundo da primeira foto) desde o momento em que líamos moderadamente a publicação. Observe na seqüência:

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

George Weak Bush

Sem temer retaliações do pentágono, Roberto Romero desvenda o misterioso nome do meio do presidente dos EUA.

Na foto, Weak Bush posa de bom moço ao lado das autoridades israelense e palestina no final de 2008

A Frase é ousada. Altera toda uma seqüência temporal para a qual fomos orientados. Mas se no ano de 2001 o mundo comemorou a entrada em um novo século, ao menos os estadunidenses se iludiram - e temo que talvez não tenham sido somente eles. O certo é que nossos vizinhos norte-americanos amargaram mais sete anos democraticamente ultrapassados. Só agora, há quase um decênio de século XXI, poderão eles se sentirem membros das promessas de um novo tempo.

Acuso, obviamente, o presidente George W. Bush e seu governo irresponsável que chega ao fim no próximo dia 19. Se algum jornalista se arriscar a lançar um livro-balanço de sua atuação à frente dos Estados Unidos da América, realmente não consigo me lembrar de nenhum acerto a incluir. Certamente devem ter existido, ainda que raros, mas também não subestimo o alcance de minha memória.

Foi preciso um governo que arrasasse com a economia, a sociedade e a geopolítica do país, para que os americanos enfim arriscassem um passo em direção ao novo século. Mas é igualmente ilusório pensar que o mesmo avanço que levou um negro à presidência dos EUA será capaz de reverter oito desastrosos anos, cujo desfecho não poderia ser pior.

No fim do ano passado, Bush se esforçou para convencer (a seu favor) memórias que assim como a minha fazem despencar sua popularidade. Pretendia deixar a Casa Branca como o presidente que levou paz e não guerra ao Oriente Médio. Me refiro às suas tentativas exaustivas e à forte pressão que exerceu sob Israel para assinar acordos com os palestinos. Suas atitudes nobres, entretanto, não foram suficientes para arrancar o brilho da vitória de Barack Obama nas eleições de novembro.

Incrível, portanto, como o cowboy texano abandonou facilmente as rédeas do conflito palestino nesse inicio de 2009, há poucos dias de desmontar de vez de seu cavalo branco. Sua verdadeira omissão diante da situação explosiva que novamente sacrifica os que habitam a Faixa de Gaza já contribuiu com mais de 600 mortes e 3 mil feridos.

Enquanto isso, sua secretária de Estado, Condolezza Rice, roda o mundo feito barata tonta tentando mostrar serviço. O máximo que conseguiu até agora foi o mínimo: que ajuda humanitária chegue aos flagelados de Gaza. Isso porque a concordância em cessar-fogo pelo líder da autoridade palestina, Mahmoud Abbas , não é muita coisa, uma vez que ele não exerce poder direto sobre o Hamas, grupo que ocupa Gaza.

Nesse ínterim, me impressiona (ainda) o escárnio nas atitudes de Bush que afirma cinicamente sua preocupação diante dos acontecimentos recentes. Arrisco imaginar seu sorriso amarelado cada vez que lhe vem à mente o que aguarda seu sucessor, aquele que lhe roubou a cena deixando somente a encenação. Uma crise econômica de efeitos mundiais, tropas guerreando no Iraque, mais um estopim no conflito entre israelenses e palestinos. Bush não demonstrou a mesma desenvoltura com que desvia de sapatos para lidar com esses problemas, que inclusive criou, e Obama terá mesmo de demonstrar muita raça se quiser convencer nossas memórias de que essas histórias possam ter um final feliz.