terça-feira, 30 de dezembro de 2008

10,9,8,7,6,5,4,3,2,1, já!

Voltem para a Lua, que eu tentarei voltar à Terra

Em 2009, assunto que será explorado à exaustão pela nossa mídia despautada, muito mais do que, em 2008, o sonhador e portanto desinteressante ano de 1968, será os quarenta anos da chegada de alguns homens ao nosso satélite natural - a Lua. O feito, que só não se tornou catastrófico porque os astronautas conseguiram regressar à Terra, é considerado um dos maiores da humanidade.

Há quem sustente, entretanto, que os nobres desbravadores da galáxia não regressaram senão de um estúdio escondido em algum lugar de Los Angeles. São vários os indicadores que os teóricos da conspiração assinalam no vídeo que foi exibido nos televisores das melhores famílias naquele 20 de julho de 1969.

Antes disso, entretanto, Hollywood já havia dado mostras de que, se fosse para ir ao espaço, teria feito bem melhor do que aquilo e com um orçamento muito menor do que os incríveis US$20 bilhões mobilizados por empresas e trabalhadores americanos a fim de que a missão Apolo 11 atingisse a superfície lunar.

Um ano antes, Stanley Kubrick encantava o mundo com um espetáculo de imagens inigualável em "2001: uma odisséia no espaço". A genialidade do diretor deu origem a uma sátira poderosa das relações entre homem e máquina e de seus perigosos desdobramentos em um futuro próximo. À medida em que a nave, controlada por um computador "infalível" e obstinado, e seus cinco tripulantes (três deles em estado de "hibernação induzida") avançam em direção ao misterioso planeta Marte, o filme se envolve em um clima de tensão que poucos, além de Kubrick, conseguem criar.

Mas muito antes disso, remontando o próprio surgimento do cinema, no ano de 1902, "Viajem à Lua", do diretor francês Georges Méliès já alimentava a curiosidade de seus privilegiados espectadores. O curta metragem inspirado na obra "Da Terra à Lua"(1865) de Júlio Verne, retrata a viagem de aventureiros que seguem até a Lua - que possui contornos antropomórficos - à bordo de uma bala lançada por um gigantesco canhão e retornam à Terra, ou melhor, ao fundo do oceano, onde os tripulantes descobrem os "segredos do mar" e de suas criaturas fantásticas. Ao chegar em Paris, todos são recebidos como heróis.

Antes de ser explorada pela sétima arte, entrentanto, a Lua e o "luar" já despertava o fascínio de músicos, escritores e poetas. Quando, devido à chegada de alguns homens em solo lunar, tamanho encanto se viu ameaçado, o cantor e compositor brasileiro, Gilberto Gil, conclamou: "Poetas, seresteiros, namorados, correi/É chegada a hora de escrever e cantar/Talvez as derradeiras noites de luar(...)/E lá se foi o homem conquistar\os mundos lá se foi/Lá se foi buscando a esperança que aqui já se foi/Nos jornais manchetes,sensação,/reportagens, fotos, conclusão:/A Lua foi alcançada afinal, muito bem/ confesso que estou contente também." Mas o final da canção é desolador: "A mim me resta disso tudo uma tristeza só/Talvez não tenha mais luar para clarear minha canção/O que será do verso sem luar?/O que será do mar, do violão?"

Enquanto ainda resistem lua e luar, celebremos a chegada de mais um novo ano. Brindemos e aguardemos as edições especiais "40 anos do homem na Lua". Consigo emergir até a mente de muitos editores para descobrir as dúvidas, não suas, mas "de seus leitores". "Detalhes da missão que levou o homem à Lua", "40 anos depois, descubra os planos da NASA para voltar ao nosso satélite", e coisas do tipo.

Enquanto isso, dentro de uma sala da Agência Espacial Norte Americana, cientistas planejam os próximos saltos gigantescos da humanidade. Aliás, se aquela transmissão televisiva de julho de 1969 foi realmente uma obra de ficção, seus roteiristas mereceriam um prêmio. A frase "um pequeno passo para o homem, um salto gigantesco para a humanidade", pronunciada pelo astronauta - ou ator? - Neil Armstrong entrou para o hall das "inesquecíveis". Em segundo lugar na corrida das frases espaciais: "A Terra é azul", do soviético Yuri Gagarim. Poucos se lembram do segundo trecho da frase: "e eu não ví Deus". Mas, afinal, quem precisa se lembrar dele?

Um comentário:

Anônimo disse...

Pobres norte-americanos. Em 2009 além se serem escrachados por terem gastado sem ter, irão acordar todos os dias com uma notícia polemizando um de seus primeiros grandes feitos.
Acho bom começarem a investir ainda mais na indústria cinematográfica, que pelo visto sempre serviu de ferramenta para transmitir a falsa idéia de prosperidade econômica e bem-estar social.