terça-feira, 30 de dezembro de 2008
10,9,8,7,6,5,4,3,2,1, já!
quinta-feira, 25 de dezembro de 2008
Da janela, o corcovado
Quando cheguei ao Rio de Janeiro, a primeira parada foi no Leme, localizado em um dos extremos da praia de Copacabana. A chuva havia concedido algumas horas de trégua e os amigos que gentilmente me levaram de carro até a cidade paravam ali para encontrar com a senhora que os hospedaria na Tijuca. Alguns minutos mais tarde e eu reencontrava uma amiga do tempo de colégio em frente ao posto seis da mesma praia. Porém, seria longe dali, no telenovelísticamente conhecido bairro do Leblon, onde eu viveria as maiores surpresas desta viagem.
sábado, 20 de dezembro de 2008
Uma consoante, quatro vogais
segunda-feira, 15 de dezembro de 2008
Viagens Reais
"Ainda que chova...
O show tem que continuar". A frase, muito mais trágica traduzida do inglês "though it's raining, it has to go", dita por Madonna em um momento do show foi o espírito incorporado por 75 mil corpos molhados que assistiam à rainha do pop debaixo da chuva insistente que caiu nesta noite no Rio de Janeiro. Ela ainda emendou: "porque se o show não continuar, vocês ficarão aqui", sem dispensar a pretensão a que a coroa lhe dá direito. Mas essa história não começa aqui.
Há 200 anos, aportava em São Sebastião do Rio de Janeiro, a família real portuguesa. A transferência da corte teve profundas implicações nos futuros desdobramentos políticos e culturais do país, entre eles, e talvez o mais importante: a independência. 160 anos após a chegada de D. João VI a estas terras, chegava a rainha Elizabeth II da Inglaterra, no ano de 1968. Enquanto esteve aqui, Elizabeth foi capaz de estabelecer uma trégua ao ambiente tenso evocado pela ditadura militar. Após seu retorno a Buckingham, as máscaras voltariam a cair entre as autoridades brasileiras e seria oficialmente decretado o fim dos direitos individuais, através do Ato Institucional nº 5.
A transferência do reino do pop para o Brasil neste dezembro de 2008 ocorreu sem maiores agitações. O máximo de teor político que pode ser extraído de duas horas de aparição da rainha do pop, Madonna I - e para muitos, única - foi um clipe com flashes de líderes mundiais, crianças e mulheres de países pobres da África e Oriente Médio. Ao som de uma versão remixada das músicas "Beat goes on" e "Give it to me", as fotos pertubadoras eram exibidas como "get stupid", enquanto a rainha conclamava "It's time...Your world, your life, your choice" - tudo isso nos telões, claro, porque a verdadeira estava ocupada trocando de roupa. O clipe termina com a imagem vitoriosa de Barack Obama.
Antes e depois disso aconteceu tudo aquilo o que vocês já sabem e podem ler em qualquer endereço mais próximo e mais acessado do que o meu na internet. Mas outros detalhes merecem comentários. Madonna esperou a chuva para começar o show. (pediu desculpas pelo atraso). Foi acompanhada por um segurança com um guarda-chuva preto enorme toda vez que deixava a parte coberta do palco (com exceção de alguns momentos de maior euforia, que exigiriam do segurança malabarismos que nem mesmo a sombra da diva são capazes). Quando supostamente ela cantaria o que o público pedisse - e o público pediu "Like a virgin" - a rainha preferiu cantar "Express yourself". A justificativa foi um pouco embolada, ela disse que não gostava daquela música e corrigiu rapidamente "na verdade eu gosto, mas escolham outra". (lição: expressem-se, ainda que não sejam acatados).
Todo o resto se seguiu impecável. Quando a arquibancada mal acostumada do Rio de Janeiro entoou "Mêêêngo...", Madonna, sem entender nada, improvisou um "Êêêa...Êêêô" e continuou compondo as frases que iniciaram esse texto. Maria Joaquina teria dito, ao deixar o Rio de volta à Portugal, que nem nos calçados queria como lebrança a terra do Brasil. Elizabeth II e seus interesses comerciais foram um pouco mais modestos e inclusive desfilaram em um Rolls Royce pela Avenida Atlântica. Madonna I hospedou-se no sexto andar do Copacabana Palace Hotel de onde saiu apenas para o ensaio, no Maracanãzinho, e o show, no Maracanã. Chegou ao palco à bordo e um Kadillac. Durante sua passagem pelo Brasil, não beberá desse país nem a água.
Game over.
quinta-feira, 11 de dezembro de 2008
Je ne regrette rien
Como em 7h e 35min, e há quase 100h da apresentação, o jovem Roberto Romero se tornou uma dentre as 75 mil pessoas esperadas para o show de Veronica no Rio.
Eram sete horas da manhã quando meus olhos, ainda sonolentos, se despertaram ao perceberem que o carro já havia estacionado em frente à Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da UFMG. As copas das árvores agitadas pelo vento e a voz de uma faxineira contando para a amiga as últimas peripécias de Flora, vilã da novela das oito, eram os únicos sons que se escutavam nos semidesérticos corredores da FAFICH. A expectativa pelo último encontro com o mestre Hinojosa, renomado professor de Estatística, durou até às 8h, quando ele chegou e encontrou, além de mim, dois empolgados estudantes de Ciências Sociais. Por um momento, enquanto o professor aguardava a chegada de seu público e aproveitava para relatar suas opiniões desinteressantíssimas sobre sociologia, o assunto entre o pequeno grupo, agora enriquecido pela presença de mais três alunos, era Madonna Louise Veronica Ciccone e sua turnê musical pelo eixo Rio-São Paulo.
Com passagem marcada para as 14h do dia seguinte para São Sebastião do Rio de Janeiro, conjeturei a possibilidade de ir ao tão festejado show, que pode ser o último da cantora em terras brasileiras. A chance encontrava-se espalhada pelos murais do prédio, e a apenas R$200 de mim – não pensem que considero isso barato, mas diante das circustâncias... Mas o assunto estava encerrado. Não enfrentaria, sozinho, horas na fila da ave-solene (Maracanã, em tupi-guarani), ainda que a recompensa fosse doce e pegajosa. O relógio marcava pouco mais do que 9:30 da manhã, quando uma reviravolta aconteceu.
Isabela Chimeli tem 21 anos e alguns livros na bagagem, o que me permite considerá-la uma pessoa de opiniões sensatas. Em um breve comentário que fiz sobre a insanidade que seria ir ao show sozinho, ela respondeu: “Por que você não vai com a minha irmã? Ela viaja sábado de manhã e acho que tem espaço no carro. Quer que eu ligue para ela?”. Em menos de vinte minutos e três telefonemas, eu estava prestes a me tornar mais um dentre as 75 mil pessoas que são esperadas no Estádio para a apresentação de Veronica, a rainha do pop.
Mais de um milhão de pessoas andam, comem, compram ou dormem no centro de Belo Horizonte diariamente, mas muito provavelmente somente uma entrou no Shopping Cidade às dez para três da tarde para encontrar com o garoto que lhe venderia o ingresso para o show de Veronica. Um telefonema, e o trânsito na Av. Raja Gabaglia atrasaria o encontro marcado para as 15h. A solução foi me afastar da pista onde adolescentes e crianças brasileiros exibiam suas habilidades deslizando no gelo, uma das atrações do verão local, e entrar nas Lojas Americanas para me distrair, conferindo os últimos lançamentos em CD e DVD do melhor natal do Brasil. Os 15 minutos que demorei na fila do caixa para pagar um compact disc de Edith Piaf em “La vie en Rose”, que no início deste ano disputou as atenções com Veronica e seu “Hard Candy”, foram suficientes para que uma calça preta com camisa listrada e um ingresso da renner para o show chegassem ao centro comercial.
As peças descritas por telefone vestiam um garoto alguns centímetros mais alto do que eu e de nome pouco usual: Lucas. Ele pediu que entrássemos novamente nas Lojas Americanas para efetuarmos a troca. De dentro da mochila, ele tirou um envelope e de dentro do envelope, o ingresso. Lucas explicou detalhadamente todas as informações que estavam contidas no bilhete ao passo que eu, já nervoso, temia que algum louco e fã de Veronica me perseguisse pelas ruas do centro atrás da preciosidade. Lucas, entretanto, e não lhe nego a razão, parecia muito mais preocupado com a possibilidade de um são e não necessariamente fã da cantora, tipo muito mais fácil de se encontrar nas ruas do centro, lhe roubar os R$200 e a chance de um intercâmbio, para o qual está economizando sonhos como o de assistir à material girl.
A próxima parada foi à esquina entre Rio de Janeiro – a rua – e Caetés, onde esperei por Ricardo Lima, um dos fãs loucos de Veronica que freqüentam a região central da cidade, mas que não representava perigo devido à recente amizade que acredito partilhar com ele. Lima, ou laranja – fruta ou cor pela qual prefere ser chamado – estava com um artigo essencial para minha ida ao show e à São Sebastião: minha câmera fotográfica. Clique. Só faltava ir à estação rodoviária mais próxima – o que não era difícil, já que em Belo Horizonte só existe uma que ainda está localizada no centro – e trocar a passagem do dia seguinte por uma de retorno, já que a ida estava garantida com a irmã de Isabela Chimeli.
Às cinco horas e cinco minutos desta mesma tarde, Roberto Romero chegava em casa exausto, porém satisfeito com as realizações do dia. Em menos de 100h, terá vivido incredibilidades, prometidas por uma viagem que já começa surpreendente. Ouvindo um dos companheiros de casa arranhar algo no violão na sala ao lado, o autor se lembra das 38 páginas de um texto que ainda tem que resumir. As comemorações, assim como novos relatos, terão de ficar para mais tarde.
Merry christmas à brasileira
O papai Noel acaba de chegar ao prédio da Cemig ao som de “We wish you a merry christmas”, confirmando o nacionalismo exarcebado da estatal mineira. Para mim, que moro a menos de 30m de distância do imponente prédio que pode ser visto de quase toda a região central de Belo Horizonte, a chegada do Papai Noel na Cemig e a conseqüente ativação da iluminação do prédio e das árvores da Av. Barbacena confirmam a chegada de mais um Natal.
No ano anterior, e disso me lembro bem, o tema natalino da empresa era o aquecimento global. Ursos polares, de meia em meia hora, se encaminhavam até o papai Noel com um único pedido: que ele os salvasse do aquecimento que tem destruído seus lares no pólo norte. Para os animaizinhos terem descido até os trópicos em pleno verão para fazer este pedido, é porque a coisa devia estar realmente feia por lá, não? (Isso porque, como reza a lenda, o papai Noel habita aquelas regiões nos outros 364 dias do ano, ou melhor, 363, porque em outro ele está na Cemig)
Mas chega de espoliar as causas nobres da melhor energia do Brasil. Sentado em frente ao computador, aguardo ansioso para descobrir o tema com o qual a Cemig irá brindar a mim e aos meus companheiros de casa, Júlia e Walmir, no natal deste ano. No momento, o coral mirim de algum lugar do interior de Minas Gerais se apresenta, embora eu só esteja escutando o som desafinado de uma tuba (coisa de quem se recusou, por preguiça, a atravessar a rua e assistir ao espetáculo).
Os aplausos já se fazem audíveis. Em breve o mestre de cerimônias anunciará: “...”. Mas não, o show tem que continuar e a banda – ou coral mirim, já não sei mais – prossegue sua apresentação com uma das músicas temas do nosso natal: “Ainda ontem chorei de saudade”. Enfim o mestre de cerimônias se pronuncia para anunciar a apresentação de um grupo de dança, que infelizmente está fora de meu alcance visual narrar para os leitores. (Posso apenas informar que houve problemas de som e que a música interpretada pelas bailarinas foi outro clássico do natal brasileiro: “Garganta” de Ana Carolina).
Não resisto e corro até a janela do meu quarto para ver se o prédio já está iluminado e qual é a minha decepção quando percebo que ainda não. De fato seria incoerente a empresa acender suas luzes às 18:30 em pleno horário de verão, cujo objetivo é justamente manter as luzes da cidade apagadas até esta altura do dia. Logo me conformo. Prossigo escutando as performances musicais que agora alternam entre uma legítima canção flamenca e um autêntico hip e hop, o que confirma as disposições multiculturalistas da estatal.
No entanto, a inércia com que a programação do evento é cumprida acaba me desmotivando de continuar com a cobertura. Chegaria na redação do jornal e simplesmente diria que “não dava matéria”. As palmas agora são esparsas e o som distante de uma flauta relembra que tudo aquilo ainda se trata de uma comemoração natalina. Ansioso por saber o tema que irá suportar este ano, porém vencido pelo cansaço, o autor do texto se despede.
* * *
Às 19:43 minutos, a voz animada do mestre de cerimônias convocou a platéia a iniciar a contagem regressiva e a mim para retornar ao computador. Em dez segundos, as luzes de natal contagiaram a agitada Av. Barbacena ao som de “Aleluia” – quanta espirituosidade! Até o fechamento deste post, não foi possível perceber se os ursos polares voltaram esse ano.
sexta-feira, 5 de dezembro de 2008
Romero presta explicações
Ao digitar o domínio “blogspot.com” na pesquisa avançada do Google, são registradas 316 milhões de ocorrências. O número, que provavelmente não é tão exato assim, é digno de espanto. No mínimo, esconde um certo aviso de que “não precisamos de mais ninguém”.